Na comunidade primitiva, a mulher desempenhava um
papel social relevante, participando das atividades coletivas da tribo. Na
propriedade privada, a mulher foi confinada ao mundo doméstico e subordinada ao
chefe da família.
As mulheres eram
vistas como reprodutoras encarregadas da educação masculina até os 7 anos e as
meninas ficavam confinadas no lar até o casamento, neste sentido a sociedade
fixa modelos de "ser mulher" nos fazendo compreender a definição de
feminilidade. Durante milênios as mulheres se mantiveram subordinadas ao homem,
mantendo assimétrica sua relação com ele.
O mito da
feminilidade não tem por objetivo a anulação das diferenças que certamente
existem entre homem e mulher, mas, devem ser flexíveis enquanto construções
sociais, visando o funcionamento dinâmico da sociedade. Todo estereótipo é
rígido, preconceituoso e geralmente se encontra a serviço da dominação, com
isso considera-se que a educação deve ser voltada para garantir a
diversidade pessoal, o que independe de tratar-se de homem ou mulher.
A educação formal da mulher sempre foi
preterida, com pequenas variações todos os povos confinaram as mulheres em
certos espaços da casa. Enquanto os meninos saíam cedo da tutela da mãe, as
meninas continuavam dependendo delas para aprendizagem das atividades
feministas.
As mulheres em geral não tratavam dos negócios
e nem de política. Na idade média, por ocasião das cruzadas e em decorrência da
prolongada ausência dos homens, as mulheres assumiram e desempenharam bem essas
funções que antes lhes eram negadas, o mesmo ocorreu no Séc. XX por ocasião das
grandes guerras.
Apesar
das duras restrições feitas às mulheres, elas procuraram um espaço para serem
ouvidas. A escritora francesa Olympe de Gouges, propõe o discurso
revolucionário, “a mulher nasce livre e permanece igual ao homem em direitos
(...)” essa mulher corajosa foi guilhotinada em 1793, por “ter querido ser um
homem de Estado e ter esquecido as virtudes próprias a seu sexo”.
Stuart
Mill foi a voz forte para contestar o conceito de natureza feminista,
influenciado por sua mulher Harriet Taylor, feminista e socióloga, que
participou da primeira sociedade defensora do direito de voto as mulheres.
O
direito da mulher ao voto foi conquistado somente no Séc. XX.
No Brasil colonial os Jesuítas se ocupavam com
a catequização dos índios e com a formação dos colonos. Nenhuma educação formal
era reservada às mulheres.
Entre
1678 e 1685 as mulheres eram enviadas a conventos em Portugal onde tinham
acesso a educação. A ênfase era dada ao ensino de prendas domésticas e
rudimentos de ler e escrever.
No
final do Séc. XVIII foi fundado o primeiro colégio para meninas.
No Séc. XIX o Brasil sofria influência de ideias
pedagógicas renovadoras da Europa.
Em 1873, havia 174 escolas para mulheres na
província de São Paulo e em 1881, foi aceita a primeira mulher na Faculdade de
Medicina do Rio de Janeiro. A primeira escola normal paulista foi fundada em
1846, mas as mulheres não tiveram acesso a esse curso na primeira fase. Em
1875, após a sua restruturação passou-se a oferecer curso para mulheres, as
quais buscavam profissionalização, enquanto aguardavam o casamento.
Até 1930 pouquíssimas mulheres chegavam ao
curso superior e um número menor ainda conseguia concluir, os cursos escolhidos
geralmente eram na área da educação, humanidades e farmácia devido ao
desinteresse masculino nessas áreas.
Em
1950 com o desenvolvimento da indústria no Brasil as mulheres procuravam o
ensino médio que as encaminhava para ocupações no setor Terciário (serviços). A
partir do séc. XX ampliou-se o acesso à universidade e consequentemente a
diversificação no trabalho, às mulheres já constituem a maioria nas
universidades e alcançam postos chave em empresas e política, mas ainda existe
discriminação de salários, para funções idênticas às desempenhas pelos homens.
No século XIX as mulheres e também as crianças
trabalhavam de 14 a 16 horas por dia. No dia 8 de março de 1857, as mulheres de
uma indústria têxtil, se reuniram em uma passeata pedindo a redução da jornada
de trabalho para 12 horas diárias. Foram duramente reprimidas.
No século XX as costureiras participavam de muitos
movimentos grevistas.
O movimento feminista no Brasil tomou impulso com a
participação de Bertha Lutz, que fundou uma federação voltada para a promoção
da mulher, conseguindo algumas vitórias com relação ao trabalho.
Nízia Floresta foi outra voz feminina que lutou pela
igualdade.
Em 1970, em plena ditadura militar elas organizaram
greves de professores, pedindo melhores salários. Organizaram-se também pela
defesa dos mais diversos aspectos da vida feminina, como o aborto, a violência
doméstica, entre outros. Assim, foram conseguindo espaços que antes eram
reservados aos homens. Alcançaram posições políticas, e posições elevadas de
direção de empresas.
Não
se pode restringir o feminismo ao interesse exclusivo de gênero, porque a
questão é muito mais ampla e exige também uma análise politica, já que a luta
pela igualdade de oportunidades não se separa da busca de viabilização de uma
sociedade democrática. Além
disso, as relações entre iguais são mais criativas, generosas, plenas e
transparentes.
As desigualdades ainda continuam. Dois
terços dos adultos analfabetos no mundo (cerca de 565 milhões de pessoas) são
mulheres. A maior parte vive vem regiões em desenvolvimento da África, da Ásia
e da América Latina. Uma a cada quatro jovens não frequenta a escola enquanto
para os rapazes esse valor é de apenas um para seis. Nos países pobres segundo a UNESCO de 1995
as mulheres e as jovens são prisioneiras de um ciclo que faz com que o
analfabetismo, a pobreza, a elevada taxa de fecundidade e a morte precoce
passem de geração a geração.
Texto baseado no livro "Filosofia da Educação" de Maria Lúcia de Arruda Aranha - Editora Moderna